E: Entrevistador
P: Pau de Carvalho
Entrevista ao Dr. Pau de Carvalho
E: Boa noite. Temos hoje como nosso convidado o Dr. Paulo de Carvalho ilustre,…
P: Desculpe, .. inda agora começou e já amandou duas á trave,…
E: Desculpe …não percebi?
P: Claro,... Primeiro…eu não sou Doutor e Segundo … não me chamo Paulo...
mas sim …Pau de Carvalho, … vá lá … pelo menos acertou no Carvalho.
E: Peço desculpa em nome do órgão de informação,.. ouve aqui um lapso lamentável, ...
P: Não se inquiete homem o órgão está desculpado.
E: Vamos então entrevistar o Sr. Pau de Carvalho…ilustre convidado deste programa a voz do
nabo… a sua Rádio sempre sempre á procura do seu ouvido.
A primeira pergunta é a seguinte.
Porquê esse seu nome Pau de Carvalho?
Alguém lhe contou a origem de tão original nome.
P: Não é assim tão original,... calma lá,... conheço montes de coisas ...com o nome Pau
e posso dar-lhe exemplos;
Cruz de Pau é uma localidade.
Pau de Cabinda um chá óptimo para a tristeza
e conheço também o nome Pau-santo que não sei o que é ...mas como tem o nome Santo...
deve ser alguma coisa boa...
Como vê não é assim tão original.
O Carvalho porque a primeira profissão do meu pai era carpinteiro, e...
a madeira que ele mais gostava de trabalhar era o carvalho, por isso, ele deu-me este nome.
Repare que toda a gente tem um carvalho lá em casa…certo?
E: Sinceramente… não entendo.
P: Ou é uma porta ou o chão de madeira ou uma mobília ou os móveis de cozinha.
Por isso é que afirmo!
Não á casa que não tenha um bom pau de Carvalho?
È ou não?
E: Bom vendo bem as coisas… lá isso é verdade.
Mas ainda não me disse o porquê do seu nome Pau, … se é que sabe?
P: Sei sim Sr.... O meu nome original era de facto Paulo. ...Meu pai, nunca admitiu erros... e
sentia-se muito envergonhado... porque eu não conseguia dizer bem o meu nome.
Dizia sempre Pau, Pau. ...Os vizinhos perguntavam o nome … e eu Pau Cavalho.
Meu pai homem muito respeitado e que percebia muito de livros, não suportava, … um dia foi
ao registo civil e zás mudou o meu nome.
E: Você tinha que idade nessa altura?
P: 3 anos e dois meses.
E: Disse 3 anos, … e o seu pai mudou-lhe o nome?
P: É verdade, … penso que ele se precipitou, … pelo menos… acho que devia ter esperado que eu fizesse os 4 .
E: Disse que o seu pai era um entendido de livros? Qual era a profissão?
P: Trabalhava no Circulo de Leitores … sempre o admirei muito … Sabia os títulos todos.
E: E a sua mãe?
P: Era doméstica, mas depois tornou-se espiã.
E: Espiã... Como nos filmes... E trabalhava para quem?
P: Por conta própria... Andava sempre a espiar o meu pai...
Aquele desgraçado fez-lhe a vida num inferno.
Quando era porteiro lá no Circulo de Leitores a coisa ia bem,...
mas quando o promoveram para vendedor de porta a porta, foi o descalabro.
Começou a rondar tudo o que era madame sozinha em casa… ou assim,
daquelas que iam na conversa…
a volta que a vida deu…
Começou a aparecer cada vez mais tarde em casa,
cada vez mais tarde, ...até que começou a dormir fora, ...dizia ele que era para fazer clientes.
O pior é que não vendia nada. ...Um dia a minha mãe fez-lhe uma espera,
já saturada da situação,... eu só ouvia a minha mãe, ...a bêbado desgraçado,...
parto-te os cornos, .......eu parto-te os cornos, …
eu estava deitado… só ouvi o meu pai a cair no chão, …
um estrondo muito forte, e .............morreu.
Realmente a minha mãe não lhe partiu os cornos, mas a cabeça ficou desfeita.
E: Bolas, vamos mas é mudar de assunto, eu pretendo conhece-lo melhor... e é para isso que
aqui está. ...Diga-nos então, qual é a sua profissão?
P: Sou Montador de Montagens Desmontadas.
E: Disse Montador de Montagens Desmontadas.
Nunca ouvi semelhante coisa. Mas o que é que faz.
P: Ah, Ah eu compreendo, não é o primeiro que se espanta.
Trabalho com cenários para T.V. e monto as montagens que vêem desmontadas-
Se elas viessem inteiras eu não fazia falta nenhuma assim sou uma ferramenta indispensável.
Olhe, ainda ontem fiquei desempregado mesmo a tempo.
E: Ficou desempregado e está tão bem disposto, mas,... já tem outro emprego.
P: Não, não, ...não é nada disso.
Estava ontem a montar uma estrutura para construir umas grutas com entradas bem
apertadas,... mas mesmo apertadas, … lá entrei, rastejei um bocado, começo a passar os
cabos para montar umas roldanas, …
nem queira saber,...entra o meu colega,... e vai de pregar uns pregos bem grandes,
mas mesmo grandes,... para imitar estalactites,... e zás fiquei pregado.
A minha sorte é que só me rasgou o fato,
mas fiquei preso, ...ainda mais apertado.
Vai de gritar, ...o meu colega apanhou um susto,... mas percebeu logo.
Arrancou os pregos ,...aquilo foi tudo tão rápido,
passei de pregado,... a desempregado num instante.
E: Á, você queria dizer despregado.
P; Sim isso.
E: Sei que tem uma actividade paralela, fale-nos desse seu novo projecto.
P: È verdade estou para lançar uma marca nova de produtos na área da doçaria mais
concretamente, se quer saber, bolachas.
Quero dar um forte contributo á sociedade com mais doce e também passar valores
endireitosos á sociedade.
Não diga nada, ...já sei,... quer que lhe explique o que entendo por valores endireitosos.
È muito simples, esta sociedade está cada vez mais a olhar não para o umbigo,...
não para a mulher do vizinho,... mas sim digo-lhe eu,... para o cu da mulher do vizinho.
Onde é que isto vai parar.
Vou lançar esta nova marca de bolachas e aproveito desde já a oportunidade para apresentar
em primeira-mão o nome da marca que será,...
CUNAPESTA.
Terá como principal concorrente ou mesmo grande rival a marca CUÉTÁRA,...
desculpe CUÊTARA,...
A nossa primeira oferta promocional de uma embalagem para cada um é precisamente na
casa Pia de Lisboa.
E: Como é que disse que se vai chamar a …
P: CUNAPESTA
E: Parabéns e muito sucesso é o que lhe desejo, por tão nobre iniciativa.
Fale-nos de alguma coisa que o tenha marcado pra vida de uma forma vincada ou mesmo
profunda.
P: A tragédia com o meu pai foi dolorosa.
Lembro-me também de uma coisa que me marcou muito, e já lá vão mais de 35 anos,...
foi o cinto do meu pai, … a zona da fivela.
Uma marca mais profunda foi uma briga com o meu irmão,
espetou-me um garfo no ombro 4cm.
Vá lá que ele segurou bem o cabo se não entrava todo.
E: Bom, eu não estava a pensar esse tipo de marcas preferia que me falasse de algo positivo,
boas recordações.
P: Boas recordações só o Benfica nos anos 60, ... porque agora enfim, ...mais vale outra pergunta.
E: Sei que teve uma experiência muito fugas com uma associação ambientalista.
Conte-nos como foi.
P: Realmente não foi fugas foi mesmo uma inscrição e desinscrição relâmpago.
Há coisas do Arco-da-velha.
Levantei-me, umas 7 e pouco estava a preparar o pequeno-almoço ligo, a T.V. uma soneira do
caraças, adoro ver as notícias da manhã, sabe são sempre frescas, mas lá estava eu, e quando
olho vejo;
http://www.quercus.com/;
Claro, não vi bem, mandei um mail e pensei Quercus? ...Porque não.
Ainda por cima a mulher está no Porto.
Fui lá inscrevi-me e assim que acabo de inscrever-me passa o chefe da cambada e diz-me;
--Temos uma ocupação de estrada em Souselas junto á Secil e o embargo ao carapau que vem
de Espanha em Vila Real de S. António.
Você vai a qual?
Olhei o tipo, nem abri a boca e pensei “carapau… Souselas… vim aqui para me divertir.
Acabou-se logo.....Eu quando quero chatice,.. vou á pesca.
E: O Sr. É pescador?
P: Quer dizer… comprei uma cana… e volta e meia lá vou eu à noite.
E: Vai á noite, pra onde?
P: Pró Guincho, aquilo dá bom peixe. Uns Sargos, uns robalos, umas cavalas, e também vejo lá
muito linguado, não os consigo é apanhar.
E: Em tempos também fiz pesca. Mas a que mais gozo me dava era o currico.
P: Currico o meu amigo. E não à melhor que no Brasil.
E: No Brasil?
P: Sim, sim. No Carnaval é a melhor altura para essa especialidade de pesca.
E há cada currico que só dá vontade de preparar o material, lançar, agarrar bem a cana e
esperar que a minhoca seja mordida. È aquilo que eu chamo a cereja em cima do bolo.
E: Você está sempre a brincar.
Considera-se um brincalhão.
P: Ai isso é que considero. Do principio ao fim mas passando pelo meio.
E: Á pouco falou em cereja em cima do bolo. Você é um guloso?
P: Nem por isso. Sou fã é de um bom almoço ou um bom petisco, seja ela quem for.
E: Disse ela?
P: Sim, ela a ementa.
Mas tenho um prazer muito especial.... Gosto de cozinhar.
Volta e meia cozinho para os meus amigos.
Se bem que estas palavras são marotas podem levar a interpretações maliciosas dessas
cabeças...e que as há ai há.
Quero dizer que cozinho só para os meus amigos e amigas.
Pessoal que não conheço eles que vaião aos Senheques bares ou assim.
E: Ora bem, estamos no cozinhar, pergunto-lhe qual é o tipo de prato ou mesmo o prato que
mais aprecia?
P: Prato de loiça simples e branco.
Detesto aqueles com crokes e refegas e alguns até com cores, acho uma pirosada.
E: Não me percebeu. Refiro-me a que tipo de prato da cozinha Portuguesa que mais aprecia.
Não lhe estou a falar de loiça como é óbvio.
P: Quanto aos pratos sou mesmo uma boa boca e há-de perguntar á minha mulher.
Mas para mim esta história dos pratos não é importante.
O importante é saber quem vamos receber.
E: Não estou a perceber?
P: Vou-lhe dar exemplos.
Se receber um amigo e me apeteça fazer inveja o prato é o seguinte.
A minha mulher põe a blusa transparente, e aquilo vê-se tudo até ao umbigo,...
uma sopa, ...faz-se um grelhado,... fruta e depois como sobremesa,...
baba-te camelo, mas não mexe.
E: Então e se receber uma amiga tem algum prato preparado?
P: Claro que sim. Não é um prato. È mais um doce.
E: Como é que se chama esse doce?
P: É o biscoito.
E.: Só isso, um biscoito e mais nada.
P: Acho que você não está a ver a coisa.
E: Sinceramente não, é melhor esclarecer.
P: Biscoito, ...então o que é o biscoito?
Tome atenção bis…coito.,... Por outra palavras é o dar duas.
Claro,... á muitos gajos que não conseguem,.... mas cá o amigo Pau é Pau.
Mas olhe que tenho outra técnica para as falhas pontuais.
E: Diga-nos lá qual é?
P: É a técnica do antibiótico.
E: Explique-nos como é que é.
P: É assim á que ser jeitoso, senão bem podes miar.
Tens que levar a conversa para a doença,... fraqueza,... e zás,... miúda pró quarto.
Deitadinha e aplicas-lhe o pénis cilindra.
Quando dão por isso já o antibiótico está a fazer efeito.
Arde um bocadinho…mas é o que eu digo… miúda…o que arde desinfecta, calma e descontrai.
E: Vejo que é mestre no ofício.
P: Não é pra me gabar mas tudo isto foi desenvolvido á custa de muita lambada.
Ao princípio sem lábia e a mestria da idade passei por muitos apuros e olhos negros já se sabe.
E: Você é uma pessoa sensível.
P: Neste momento não. Mas quando tinha os meus 20 anos era tão magro que não aguentava
porrada nenhuma.
E: Não me referia á sua condição física, mas sim as emoções aos seus sentidos.
P: Ah, isso sim. Até lhe posso dizer que tenho 5 sentidos mais 1.
E: Qual é esse seu novo sentido.
P: È o V.C.T.
E: O que é isso?
P: Quer dizer Vontade Comer Tudo. E tenho sempre dois buracos prontos a abrir.
E: E que buracos são.
P: Então é a boca e a berguilha. E olhe que não é culpa do fecho.
E: E se eu lhe perguntar quais são os 3 sentidos mais importantes para si? Quais é que escolhia.
P: Escolhia, isto sem pensar muito, os sentidos centrais.
Os que estão no centro da nossa cabeça.
A visão, o olfacto, e o paladar.
E: E então tem alguma justificação para essa escolha.
P: Claro que sim.
Neste corpinho nada é ao acaso,...É tudo um atraso,... Ah, Ah, estava a brincar.
Bom começo pelo olfacto;
Os seios nasais captam o perfume de uma mulher, o que dá muita vontade e muito interesse
A visão;
observa os seios de uma mulher o que dá muita vontade e muito interesse.
Os tomates cheios de ervinhas de Provence dá muito interesse e muita vontade.
E: os tomates cheios de ervinhas, estava a pensar em que sentido?
P: O paladar e uma fabulosa salada.
E: Qual é a salada que mais gosta?
P: A salada com todos, mas escolho as melhores para mim, sem dúvida.
E: Já lhe perguntei sobre pratos, sobre salada. Legumes, qual é o seu legume preferido?
P: Os grelos acompanhados com coentros.
E: Qual é a fruta preferida?
P: Gosto de começar pela manga, descascar a banana e aquece-la num flambé e a seguir venha a
melancia.
E: Bolas, isso mais parece uma salada Russa.
P: Uma Russa na salada, Eh, Eh, nunca experimentei,... mas garanto-lhe que provava.
E: Estamos a chegar ao fim da nossa entrevista, gostaria de lhe fazer uma última pergunta, que é
a seguinte. Qual é a coisa que mais boa disposição lhe trás?
P: Bem a trás a trás não á nada que me traga boa disposição, para lhe ser sincero.
E: Não, não eu perguntei o que é que lhe trás, lhe trás, e não a trás.
P: OK, bom para mim a branquinha é tudo na vida.
Sem ela a minha vida era uma aflição, se assim se pode dizer.
E: A branquinha foi o que disse.
P: Perfeitamente certo, já as vi noutras cores, mas branquinha é branquinha...
E: Mas diga-nos quem é a branquinha’
P: È a branquinha lá de casa. Tenho-a sempre limpinha., tadinha. Já fui a tantos sítios e já as vi
tão mal tratadas, nem posso ver. Até lhe fiz uma canção. Quer ouvir, posso?
E: E é com esta canção que nos vamos despedir e agradecer ao Sr. Pau de Carvalho tão gentil
entrevista,
vamos então ouvir a música da branquinha,
faça favor;
António Duarte,
1996,
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
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2 comentários:
Sr António gostei imenso da sua ideia está super original.De todas as ideias acho que esta história é a mais original de todas. Continue assim!!
Obrigado pelo estimulo,
é de facto uma entrevista engraçada, que deu muito gozo fazer.
Falta comcluir a canção da branquinha. Já a tive mas perdilhe o rasto.
Por curiosidade como é que conheceu o meu blog. Não faço a minima ideia com quem estou a comunicar. Mais uma vez obrigada
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