segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Entrevista a Pau de Carvalho

E: Entrevistador

P: Pau de Carvalho


Entrevista ao Dr. Pau de Carvalho



E: Boa noite. Temos hoje como nosso convidado o Dr. Paulo de Carvalho ilustre,…

P: Desculpe, .. inda agora começou e já amandou duas á trave,…

E: Desculpe …não percebi?

P: Claro,... Primeiro…eu não sou Doutor e Segundo … não me chamo Paulo...

mas sim …Pau de Carvalho, … vá lá … pelo menos acertou no Carvalho.

E: Peço desculpa em nome do órgão de informação,.. ouve aqui um lapso lamentável, ...

P: Não se inquiete homem o órgão está desculpado.

E: Vamos então entrevistar o Sr. Pau de Carvalho…ilustre convidado deste programa a voz do

nabo… a sua Rádio sempre sempre á procura do seu ouvido.

A primeira pergunta é a seguinte.

Porquê esse seu nome Pau de Carvalho?

Alguém lhe contou a origem de tão original nome.

P: Não é assim tão original,... calma lá,... conheço montes de coisas ...com o nome Pau

e posso dar-lhe exemplos;

Cruz de Pau é uma localidade.

Pau de Cabinda um chá óptimo para a tristeza

e conheço também o nome Pau-santo que não sei o que é ...mas como tem o nome Santo...

deve ser alguma coisa boa...

Como vê não é assim tão original.

O Carvalho porque a primeira profissão do meu pai era carpinteiro, e...

a madeira que ele mais gostava de trabalhar era o carvalho, por isso, ele deu-me este nome.

Repare que toda a gente tem um carvalho lá em casa…certo?

E: Sinceramente… não entendo.

P: Ou é uma porta ou o chão de madeira ou uma mobília ou os móveis de cozinha.

Por isso é que afirmo!

Não á casa que não tenha um bom pau de Carvalho?

È ou não?

E: Bom vendo bem as coisas… lá isso é verdade.

Mas ainda não me disse o porquê do seu nome Pau, … se é que sabe?

P: Sei sim Sr.... O meu nome original era de facto Paulo. ...Meu pai, nunca admitiu erros... e

sentia-se muito envergonhado... porque eu não conseguia dizer bem o meu nome.

Dizia sempre Pau, Pau. ...Os vizinhos perguntavam o nome … e eu Pau Cavalho.

Meu pai homem muito respeitado e que percebia muito de livros, não suportava, … um dia foi

ao registo civil e zás mudou o meu nome.

E: Você tinha que idade nessa altura?

P: 3 anos e dois meses.

E: Disse 3 anos, … e o seu pai mudou-lhe o nome?

P: É verdade, … penso que ele se precipitou, … pelo menos… acho que devia ter esperado que eu fizesse os 4 .

E: Disse que o seu pai era um entendido de livros? Qual era a profissão?

P: Trabalhava no Circulo de Leitores … sempre o admirei muito … Sabia os títulos todos.

E: E a sua mãe?

P: Era doméstica, mas depois tornou-se espiã.

E: Espiã... Como nos filmes... E trabalhava para quem?

P: Por conta própria... Andava sempre a espiar o meu pai...

Aquele desgraçado fez-lhe a vida num inferno.

Quando era porteiro lá no Circulo de Leitores a coisa ia bem,...

mas quando o promoveram para vendedor de porta a porta, foi o descalabro.

Começou a rondar tudo o que era madame sozinha em casa… ou assim,

daquelas que iam na conversa…

a volta que a vida deu…

Começou a aparecer cada vez mais tarde em casa,

cada vez mais tarde, ...até que começou a dormir fora, ...dizia ele que era para fazer clientes.

O pior é que não vendia nada. ...Um dia a minha mãe fez-lhe uma espera,

já saturada da situação,... eu só ouvia a minha mãe, ...a bêbado desgraçado,...

parto-te os cornos, .......eu parto-te os cornos, …

eu estava deitado… só ouvi o meu pai a cair no chão, …

um estrondo muito forte, e .............morreu.

Realmente a minha mãe não lhe partiu os cornos, mas a cabeça ficou desfeita.

E: Bolas, vamos mas é mudar de assunto, eu pretendo conhece-lo melhor... e é para isso que

aqui está. ...Diga-nos então, qual é a sua profissão?


P: Sou Montador de Montagens Desmontadas.

E: Disse Montador de Montagens Desmontadas.

Nunca ouvi semelhante coisa. Mas o que é que faz.

P: Ah, Ah eu compreendo, não é o primeiro que se espanta.

Trabalho com cenários para T.V. e monto as montagens que vêem desmontadas-

Se elas viessem inteiras eu não fazia falta nenhuma assim sou uma ferramenta indispensável.

Olhe, ainda ontem fiquei desempregado mesmo a tempo.

E: Ficou desempregado e está tão bem disposto, mas,... já tem outro emprego.

P: Não, não, ...não é nada disso.

Estava ontem a montar uma estrutura para construir umas grutas com entradas bem

apertadas,... mas mesmo apertadas, … lá entrei, rastejei um bocado, começo a passar os

cabos para montar umas roldanas, …

nem queira saber,...entra o meu colega,... e vai de pregar uns pregos bem grandes,

mas mesmo grandes,... para imitar estalactites,... e zás fiquei pregado.

A minha sorte é que só me rasgou o fato,

mas fiquei preso, ...ainda mais apertado.

Vai de gritar, ...o meu colega apanhou um susto,... mas percebeu logo.

Arrancou os pregos ,...aquilo foi tudo tão rápido,

passei de pregado,... a desempregado num instante.

E: Á, você queria dizer despregado.

P; Sim isso.

E: Sei que tem uma actividade paralela, fale-nos desse seu novo projecto.

P: È verdade estou para lançar uma marca nova de produtos na área da doçaria mais

concretamente, se quer saber, bolachas.

Quero dar um forte contributo á sociedade com mais doce e também passar valores

endireitosos á sociedade.

Não diga nada, ...já sei,... quer que lhe explique o que entendo por valores endireitosos.

È muito simples, esta sociedade está cada vez mais a olhar não para o umbigo,...

não para a mulher do vizinho,... mas sim digo-lhe eu,... para o cu da mulher do vizinho.

Onde é que isto vai parar.

Vou lançar esta nova marca de bolachas e aproveito desde já a oportunidade para apresentar

em primeira-mão o nome da marca que será,...

CUNAPESTA.

Terá como principal concorrente ou mesmo grande rival a marca CUÉTÁRA,...

desculpe CUÊTARA,...

A nossa primeira oferta promocional de uma embalagem para cada um é precisamente na

casa Pia de Lisboa.

E: Como é que disse que se vai chamar a …

P: CUNAPESTA

E: Parabéns e muito sucesso é o que lhe desejo, por tão nobre iniciativa.

Fale-nos de alguma coisa que o tenha marcado pra vida de uma forma vincada ou mesmo

profunda.

P: A tragédia com o meu pai foi dolorosa.

Lembro-me também de uma coisa que me marcou muito, e já lá vão mais de 35 anos,...

foi o cinto do meu pai, … a zona da fivela.

Uma marca mais profunda foi uma briga com o meu irmão,

espetou-me um garfo no ombro 4cm.

Vá lá que ele segurou bem o cabo se não entrava todo.

E: Bom, eu não estava a pensar esse tipo de marcas preferia que me falasse de algo positivo,

boas recordações.

P: Boas recordações só o Benfica nos anos 60, ... porque agora enfim, ...mais vale outra pergunta.

E: Sei que teve uma experiência muito fugas com uma associação ambientalista.

Conte-nos como foi.

P: Realmente não foi fugas foi mesmo uma inscrição e desinscrição relâmpago.

Há coisas do Arco-da-velha.

Levantei-me, umas 7 e pouco estava a preparar o pequeno-almoço ligo, a T.V. uma soneira do

caraças, adoro ver as notícias da manhã, sabe são sempre frescas, mas lá estava eu, e quando

olho vejo;

http://www.quercus.com/;

Claro, não vi bem, mandei um mail e pensei Quercus? ...Porque não.

Ainda por cima a mulher está no Porto.

Fui lá inscrevi-me e assim que acabo de inscrever-me passa o chefe da cambada e diz-me;

--Temos uma ocupação de estrada em Souselas junto á Secil e o embargo ao carapau que vem

de Espanha em Vila Real de S. António.

Você vai a qual?

Olhei o tipo, nem abri a boca e pensei “carapau… Souselas… vim aqui para me divertir.

Acabou-se logo.....Eu quando quero chatice,.. vou á pesca.

E: O Sr. É pescador?

P: Quer dizer… comprei uma cana… e volta e meia lá vou eu à noite.

E: Vai á noite, pra onde?

P: Pró Guincho, aquilo dá bom peixe. Uns Sargos, uns robalos, umas cavalas, e também vejo lá

muito linguado, não os consigo é apanhar.

E: Em tempos também fiz pesca. Mas a que mais gozo me dava era o currico.

P: Currico o meu amigo. E não à melhor que no Brasil.

E: No Brasil?

P: Sim, sim. No Carnaval é a melhor altura para essa especialidade de pesca.

E há cada currico que só dá vontade de preparar o material, lançar, agarrar bem a cana e

esperar que a minhoca seja mordida. È aquilo que eu chamo a cereja em cima do bolo.

E: Você está sempre a brincar.

Considera-se um brincalhão.

P: Ai isso é que considero. Do principio ao fim mas passando pelo meio.

E: Á pouco falou em cereja em cima do bolo. Você é um guloso?

P: Nem por isso. Sou fã é de um bom almoço ou um bom petisco, seja ela quem for.

E: Disse ela?

P: Sim, ela a ementa.

Mas tenho um prazer muito especial.... Gosto de cozinhar.

Volta e meia cozinho para os meus amigos.

Se bem que estas palavras são marotas podem levar a interpretações maliciosas dessas

cabeças...e que as há ai há.

Quero dizer que cozinho só para os meus amigos e amigas.

Pessoal que não conheço eles que vaião aos Senheques bares ou assim.

E: Ora bem, estamos no cozinhar, pergunto-lhe qual é o tipo de prato ou mesmo o prato que

mais aprecia?

P: Prato de loiça simples e branco.

Detesto aqueles com crokes e refegas e alguns até com cores, acho uma pirosada.

E: Não me percebeu. Refiro-me a que tipo de prato da cozinha Portuguesa que mais aprecia.

Não lhe estou a falar de loiça como é óbvio.

P: Quanto aos pratos sou mesmo uma boa boca e há-de perguntar á minha mulher.

Mas para mim esta história dos pratos não é importante.

O importante é saber quem vamos receber.

E: Não estou a perceber?

P: Vou-lhe dar exemplos.

Se receber um amigo e me apeteça fazer inveja o prato é o seguinte.

A minha mulher põe a blusa transparente, e aquilo vê-se tudo até ao umbigo,...

uma sopa, ...faz-se um grelhado,... fruta e depois como sobremesa,...

baba-te camelo, mas não mexe.

E: Então e se receber uma amiga tem algum prato preparado?

P: Claro que sim. Não é um prato. È mais um doce.

E: Como é que se chama esse doce?

P: É o biscoito.

E.: Só isso, um biscoito e mais nada.

P: Acho que você não está a ver a coisa.

E: Sinceramente não, é melhor esclarecer.

P: Biscoito, ...então o que é o biscoito?

Tome atenção bis…coito.,... Por outra palavras é o dar duas.

Claro,... á muitos gajos que não conseguem,.... mas cá o amigo Pau é Pau.

Mas olhe que tenho outra técnica para as falhas pontuais.

E: Diga-nos lá qual é?

P: É a técnica do antibiótico.

E: Explique-nos como é que é.

P: É assim á que ser jeitoso, senão bem podes miar.

Tens que levar a conversa para a doença,... fraqueza,... e zás,... miúda pró quarto.

Deitadinha e aplicas-lhe o pénis cilindra.

Quando dão por isso já o antibiótico está a fazer efeito.

Arde um bocadinho…mas é o que eu digo… miúda…o que arde desinfecta, calma e descontrai.


E: Vejo que é mestre no ofício.

P: Não é pra me gabar mas tudo isto foi desenvolvido á custa de muita lambada.

Ao princípio sem lábia e a mestria da idade passei por muitos apuros e olhos negros já se sabe.

E: Você é uma pessoa sensível.

P: Neste momento não. Mas quando tinha os meus 20 anos era tão magro que não aguentava

porrada nenhuma.

E: Não me referia á sua condição física, mas sim as emoções aos seus sentidos.

P: Ah, isso sim. Até lhe posso dizer que tenho 5 sentidos mais 1.

E: Qual é esse seu novo sentido.

P: È o V.C.T.

E: O que é isso?

P: Quer dizer Vontade Comer Tudo. E tenho sempre dois buracos prontos a abrir.

E: E que buracos são.

P: Então é a boca e a berguilha. E olhe que não é culpa do fecho.

E: E se eu lhe perguntar quais são os 3 sentidos mais importantes para si? Quais é que escolhia.

P: Escolhia, isto sem pensar muito, os sentidos centrais.

Os que estão no centro da nossa cabeça.

A visão, o olfacto, e o paladar.

E: E então tem alguma justificação para essa escolha.

P: Claro que sim.

Neste corpinho nada é ao acaso,...É tudo um atraso,... Ah, Ah, estava a brincar.

Bom começo pelo olfacto;

Os seios nasais captam o perfume de uma mulher, o que dá muita vontade e muito interesse

A visão;

observa os seios de uma mulher o que dá muita vontade e muito interesse.

Os tomates cheios de ervinhas de Provence dá muito interesse e muita vontade.

E: os tomates cheios de ervinhas, estava a pensar em que sentido?

P: O paladar e uma fabulosa salada.

E: Qual é a salada que mais gosta?

P: A salada com todos, mas escolho as melhores para mim, sem dúvida.

E: Já lhe perguntei sobre pratos, sobre salada. Legumes, qual é o seu legume preferido?

P: Os grelos acompanhados com coentros.

E: Qual é a fruta preferida?

P: Gosto de começar pela manga, descascar a banana e aquece-la num flambé e a seguir venha a

melancia.
E: Bolas, isso mais parece uma salada Russa.

P: Uma Russa na salada, Eh, Eh, nunca experimentei,... mas garanto-lhe que provava.

E: Estamos a chegar ao fim da nossa entrevista, gostaria de lhe fazer uma última pergunta, que é

a seguinte. Qual é a coisa que mais boa disposição lhe trás?

P: Bem a trás a trás não á nada que me traga boa disposição, para lhe ser sincero.

E: Não, não eu perguntei o que é que lhe trás, lhe trás, e não a trás.

P: OK, bom para mim a branquinha é tudo na vida.

Sem ela a minha vida era uma aflição, se assim se pode dizer.

E: A branquinha foi o que disse.

P: Perfeitamente certo, já as vi noutras cores, mas branquinha é branquinha...

E: Mas diga-nos quem é a branquinha’

P: È a branquinha lá de casa. Tenho-a sempre limpinha., tadinha. Já fui a tantos sítios e já as vi

tão mal tratadas, nem posso ver. Até lhe fiz uma canção. Quer ouvir, posso?

E: E é com esta canção que nos vamos despedir e agradecer ao Sr. Pau de Carvalho tão gentil

entrevista,

vamos então ouvir a música da branquinha,

faça favor;



António Duarte,
1996,

2 comentários:

catarina disse...

Sr António gostei imenso da sua ideia está super original.De todas as ideias acho que esta história é a mais original de todas. Continue assim!!

António Duarte disse...

Obrigado pelo estimulo,
é de facto uma entrevista engraçada, que deu muito gozo fazer.
Falta comcluir a canção da branquinha. Já a tive mas perdilhe o rasto.
Por curiosidade como é que conheceu o meu blog. Não faço a minima ideia com quem estou a comunicar. Mais uma vez obrigada